This Blog is a result of partnership work between researches at the NEPCI, Ana Laura de Lamare Leitzke, Tiago Soares Rios and Édison Hüttner. In which deals with the life of Father Hildebrando de Freitas Pedroso, a hero of Rio Grande do Sul. WELCOME!

Este Blog es un resultado del trabajo de colaboración entre investigadores de lo NEPCI, Ana Laura de Lamare Leitzke, Tiago Soares Rios y Édison Hüttner. En la que habla sobre la vida del Padre Hildebrando de Freitas Pedroso, un héroe de Rio Grande do Sul. BIENVENIDO!

Os Pesquisadores

Os Pesquisadores
Tiago Soares Rios, Ana Laura de Lamare Leitzke e Édison Hüttner

Seguidores

Os caminhos religiosos de Hildebrando de Freitas Pedroso

OBS: Qualquer cópia e/ou citação do texto do seguinte artigo deve ser colocada à devida referência bibliográfica. Plagiar é uma atitude desonesta e reprovável que envolve prejuízo aos sujeitos envolvidos. Plagiar é crime.

Os caminhos religiosos de Hildebrando de Freitas Pedroso
Ana Laura de Lamare Leitzke[1]

Resumo
        A autora descreve e analisa a trajetória eclesiástica do Padre Hildebrando de Freitas Pedroso no Rio Grande do Sul durante os anos de 1840 a 1881. Explica em poucas palavras como transcorreram seus estudos teológicos no Seminário de Nossa Senhora da Lapa no Rio de Janeiro, os quais lhe ensinaram a ser um padre e “pai” dedicado e atencioso aos seus fiéis. Logo após detém-se na atuação de Hildebrando nas Igrejas das cidades de Bagé e Camaquã, São Sebastião e São João Batista respectivamente, as quais deixaram em sua memória dois grandes fatos: a Revolução Farroupilha que se sucedia e dois batismos relevantes para a história gaúcha. Em seguida finaliza com os últimos anos de sua vida em Porto Alegre, cidade que o recebeu de braços abertos nas Igrejas Nossa Senhora Madre de Deus e Nossa Senhora do Rosário, esta última lhe conferindo o título de irmão remido.

Palavras-chave: Padre Hildebrando de Freitas Pedroso. São Sebastião de Bagé. São João Batista. Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. Nossa Senhora do Rosário.

Introdução
        Muitos Padres já fizeram história e muitos ainda estão por fazer no Rio Grande do Sul, contudo no século XIX se destacou entre vários um em especial, o Padre Hildebrando de Freitas Pedroso. Este não teve o seu nome escrito em muitos livros e do mesmo modo na tradição oral, mas nem por isso foi menos importante para a história teológica do Estado, pelo contrário atuou em muitas Paróquias e se dedicou em sempre proteger e auxiliar os seus fiéis não importasse o momento.
        O objetivo deste artigo não é endeusar o Hildebrando de Freitas Pedroso como um dos principais personagens da Igreja Católica, e sim, apenas reconhecê-lo como um grande Pároco gaúcho. Desde a sua aceitação ao chamado de Deus para ingressar no Seminário de Nossa Senhora da Lapa no Rio de Janeiro, passando por Bagé, Camaquã e Porto Alegre. Os seus estudos e sua vida eclesiástica serão analisados perante as intempéries da vida política, social, econômica e cultural que passava o Rio Grande do Sul, igualmente o trabalho, a dedicação e propagação da palavra de Deus que ele nunca deixou de faltar.

O chamado de Deus
        Hildebrando de Freitas Pedroso foi exposto no dia 18 de julho de 1807 com alguns dias de vida na porta da casa de Rita Joaquina Alves de Morais, filha de Manoel Joaquim Alves de Moraes e Josefa Maria Luisa naturais do Rio de Janeiro (LEITZKE, 2011, p. 14). Rita Joaquina como devota da Igreja Católica não tardou para batizá-lo, e no dia 31 de julho de 1807 na Igreja Madre de Deus em Porto Alegre pelas mãos do Padre José Inácio dos Santos Pereira e aos cuidados de seus padrinhos, Rita Joaquina e o Reverendo Antônio José Martins Baião, foi abençoado e purificado perante Deus.
        Sua ligação com a cristandade não ficaria exclusivamente no batismo, anos mais tarde sua dedicação e adoração à palavra de Deus o levaram a ingressar na vida eclesiástica. Ao conhecer Dom José Caetano da Silva Coutinho, bispo do Rio de Janeiro, o qual em 1815 vem visitar o Rio Grande do Sul, se interessou pela proposta que lhe foi oferecida: estudar no Seminário de Nossa Senhora da Lapa no Rio de Janeiro tendo as suas despesas educacionais pagas pelo próprio Dom José, assim como uma residência durante os anos de estudo. Após ter aceitado o convite viajou para lá iniciando seu curso teológico e somente voltou para casa anos mais tarde.
        De acordo com Aquiles Porto Alegre (1921, p. 96), “durante os anos que conviveu no Rio com Dom José Caetano criou um vínculo paternal muito forte com ele”, que perdurou por muitos anos, mesmo após a sua partida no final do ano de 1830 para o Rio Grande do Sul onde atuou em cidades como Bagé, Camaquã e Porto Alegre.

Bagé
        A Igreja de São Sebastião de Bagé teve o Cônego Hildebrando de Freitas Pedroso como líder durante os anos de 1840 a 1844 e nunca deixou se apagar em sua memória as atividades que ele presidiu neste curto tempo. Ações que estão relacionadas com um período de muita instabilidade, medo, batalhas e mortes, uma vez que a Revolução Farroupilha estava em andamento e as pessoas queriam que da Igreja apenas viessem muita ajuda espiritual para confortá-los.
         Quando o Padre Gervásio Antônio Pereira Carneiro em 1836 abandonou o templo, por temor, a população local se sentiu desamparada religiosamente, “já que quando a Revolução Farroupilha fervia pelo Rio Grande do Sul, morar em Bagé era penoso” (LEITZKE, 2011, p. 21). Segundo Tarcisio Taborda (1975, p. 28), “só em 1820 ficou pronto o templo devido à carência de obreiros e materiais” e por esta longa espera em possuir uma Igreja própria é que a população não queria ficar sem nenhum representante.
        Em seu lugar vieram outros sacerdotes: Antônio Homem de Oliveira, Jerônimo José Espínola e o próprio Hildebrando de Freitas Pedroso, que ao aceitar o chamado se esforçou para dar todo o zelo e ajuda aos devotos neste momento de grande insegurança.
        Hildebrando ao assumir como pároco atuou como um servo de Deus orientando e ajudando a todos os bajeenses que passavam por momentos agitados e de extremos cuidados políticos e sociais. Apesar disso tudo foi considerado como “um intruso na Igreja de São Sebastião, pois sua nomeação se deu através do pseudo Vigário da Revolução Farroupilha, o Padre Francisco das Chagas Martins de Ávila e Sousa, e não pela autoridade legítima eclesiástica o Cônego Antônio Vieira da Soledade” (RUBERT, 1998, p. 153). Ao longo dos anos o reconheceram como Padre legítimo da Igreja de São Sebastião de Bagé.
        Com o tempo se reconheceu que ele não foi apenas um padre, todavia um pai a estes fiéis que durante a Revolução careceram de um ombro amigo e de palavras de paz e do mesmo modo foi seu representante, pois foi eleito deputado da Assembleia Geral Legislativa de Alegre em 1842 com um grande número de votos dos bajeenses.

Camaquã
        Após a Igreja São João Batista ser construída e confirmada canonicamente, “o primeiro Pároco designado a zelar por seus fiéis, foi o Padre Hildebrando de Freitas Pedroso” (LEITZKE, 2011, p. 24). Depois de Bagé rumou a Camaquã onde exerceu suas atividades durante os anos de 1856 a 1861 e ao longo deste período teve muitas alegrias, entre elas a de batizar dois netos do General Bento Gonçalves da Silva, Ex-Presidente da República Rio-Grandense e seu grande amigo, Leão e Caetana filhos de Bento Gonçalves da Silva Filho, afetuosamente chamado de “Bentinho”, e Maria Thomazia de Azambuja.
        O Padre Hildebrando dá as bênçãos do Deus Pai, Filho e Espírito Santo nos anos de 1857, a Caetana, sob os cuidados dos padrinhos Rafael de Azambuja, Bento Manuel de Azambuja e Anna Gonçalves Meirelles e em 1861, a Leão.
        Porém não foram só eles que se batizaram na Igreja São João Batista, e sim, muitos outros que o Padre teve o prazer de abençoar perante o olhar de Deus, pessoas que guardou em seu coração com muito carinho. Como não havia uma Igreja Matriz na época em que pregava, propagou a palavra do Senhor celebrando no “Oratório da sua própria casa” (RUBERT, 1998, p.235) e depois na capelinha da Irmandade do Espírito Santo as missas. Para ele não importa o local escolhido, e sim, que a missa sempre viesse a acontecer para poder divulgar a palavra de Deus entre os camaquenses.

Porto Alegre
        Na capital sul-rio-grandense Hildebrando foi Pároco de duas belas Igrejas, Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre e de Nossa Senhora do Rosário, nas quais atuou com primor e muito dedicação, já que estava no fim de sua vida. Na primeira foi nomeado cura em três de julho de 1872, provando ser um clérigo de respeito perante os olhos dos fiéis e dos seus superiores, como prova disto “no dia 21 de julho de 1875 lhe foi conferido à distinção de recenseamento por meio do reconhecimento de Dom Sebastião Dias Laranjeira” (LEITZKE, 2011, p. 28).
        Cabe neste momento um parêntese, porque por muitos anos a sociedade cristã se preocupou em erguer um Seminário para orientar os jovens interessados na vida eclesiástica na capital e quando se concretizou este projeto a Igreja escolhida para ficar junto dele foi a Madre de Deus. “Em 31 de dezembro de 1878, Dom Sebastião veio a nomear como Reitor deste novo Seminário Episcopal o Padre Doutor Diogo Saturnino da Silva Laranjeira e nesta inauguração estavam presentes muitas pessoas e entre os convidados especiais, o Padre Hildebrando” (RUBERT, 1998, p. 222).
        O Padre Hildebrando batizou e casou muitas pessoas durante anos na Igreja Madre de Deus e por isso mesmo o reconhecimento perante as autoridades presentes, bem como pelos fiéis naquele dia memorável para a história da Igreja Católica no Rio Grande do Sul.
        Da mesma forma que atuou com esplendor na Madre de Deus, operou com muito afeto na Igreja de Nossa Senhora do Rosário entre os anos de 1877 até a sua morte em 1881. Suas histórias se entrelaçam muito antes disso, pois foi “coadjutor do notável Vigário José Inácio de 1866 a 1868” (BAREA, 2004, p.255) e nos idos de 22 de julho de 1877, foi nomeado como o 3º vigário desta paróquia. Trabalho que aceitou com grande satisfação e do mesmo modo foi muito ovacionado, visto que consta no Relatório do Prior da Irmandade da arquiconfraria do Rosário que:

Pautou sempre seus atos pela mais escrupulosa imparcialidade, tudo envidando para a maior decência dos atos religiosos e prestando à arquiconfraria assinalados serviços, que a Mesa, no limite de suas forças, reconheceu, conferindo-lhe, em sessão de 30-XI-1878, o título de irmão remido (JAEGER, 1946. p. 53.)
        Faleceu no dia 26 de junho de 1881, em Porto Alegre, de cistite crônica. Um grande pesar para população católica porto-alegrense, a qual se viu órfã de um grande guia religioso.

Conclusão
        O Padre Hildebrando de Freitas Pedroso foi um grande líder espiritual dos gaúchos, uma vez que os acolheu em uma época de instabilidade econômica, política e social que a Revolução Farroupilha trouxera. Peregrinou pelo Rio de Janeiro, onde aprendeu o estudo teológico, por Bagé, Camaquã e Porto Alegre sempre deixando um pouco da sua misericórdia, benevolência e fé que aprendeu ao longo de sua vida. Durante os seus quarenta e um anos de sacerdócio só fez o bem e por ele sempre lutou em cada lugar que pregava, foi e sempre será lembrado pelas suas boas intenções.
Referências

BAREA, Dom José. História da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Porto Alegre: EST, 2004.
JAEGER, Luíz Gonzaga. O Clero na Epopéia Farroupilha. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1946.
LEITZKE, Ana Laura de L.; HÜTTNER, Édison; RIOS, Tiago S. Hildebrando de Freitas: Herói Farroupilha. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011.
PORTO ALEGRE, Achylles. Jardim de Saudades. Porto Alegre: Wiedemann, 1921.
RUBERT, Arlindo. História da Igreja no Rio Grande do Sul: época imperial. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998.
TABORDA, Tarcisio Antônio da Costa. A Igreja de São Sebastião de Bagé. Bagé: [s.n], 1975.
________________________________________

[1] Bacharelada e licenciada em História pela PUCRS. Integrante da linha de pesquisa sobre as simbologias regionais e nativas no Painel Rio-Grandense do Padre Hildebrando de Freitas Pedroso. E-mail: analeitzke@hotmail.com.

Nenhum comentário:

Postar um comentário